
Muitos jogos físicos do Switch 2 não contêm o jogo completo: uma polêmica que ameaça o futuro da preservação de games.
Com o início das pré-encomendas do Nintendo Switch 2 nesta semana, começam a surgir informações importantes — e preocupantes — sobre como a nova geração da Big N lidará com seus lançamentos físicos. Um dos temas mais comentados é o uso dos chamados “Game Key Cards”, cartuchos que não carregam o jogo completo, mas funcionam apenas como uma chave de ativação. Isso significa que, embora você compre um produto físico, o conteúdo real precisa ser baixado da internet para ser jogado. E a crítica vai muito além da decepção inicial: estamos falando de impactos sérios na preservação de jogos a longo prazo e na relação de posse entre jogadores e suas coleções.
Depois da grande apresentação Direct da Nintendo, que finalmente revelou detalhes oficiais sobre o Switch 2, ficou claro que os principais títulos da própria Nintendo ainda serão lançados em cartuchos físicos tradicionais — com o jogo completo armazenado no cartucho. Exemplos são “Donkey Kong Banana”, “Kirby e a Terra Esquecida”, “Zelda: Breath of the Wild” e “Super Mario Party Jamboree”.
Por outro lado, editoras terceirizadas já estão adotando massivamente os Game Key Cards para seus jogos. Isso inclui títulos como “Raidou: Remasterizado”, “Sonic X Shadow Generations” e até grandes nomes como “Street Fighter 6” e “Hitman: World of Assassination”. Em resumo: cada vez mais, comprar um jogo físico não garante a posse do jogo — apenas o direito de baixá-lo enquanto os servidores existirem.
Essa mudança levanta sérias preocupações. O que acontecerá quando os servidores forem desligados daqui a 10, 20 ou 30 anos? Jogadores que investiram dinheiro em suas coleções poderão simplesmente perder o acesso aos seus jogos favoritos. E é impossível ignorar o histórico da Nintendo nesse quesito: basta lembrar que as lojas digitais do Wii U e 3DS foram fechadas sem grandes alternativas de preservação para o usuário.
Defensores da nova estratégia argumentam que, ao menos, os Game Key Cards permitem trocas e vendas de segunda mão, diferente de códigos digitais impressos em papel. De fato, isso é um pequeno alívio, mas não resolve a questão central: a dependência da conexão online e da infraestrutura digital que não durará para sempre. Além disso, é inegável que estamos adicionando ainda mais lixo plástico ao mundo, com cartuchos que poderiam muito bem ser apenas downloads diretos.
A crítica aqui vai além do saudosismo: trata-se de discutir o direito do consumidor e a preservação cultural dos games como forma de arte e expressão. A prática da distribuição digital é inevitável e até desejada em muitos aspectos — mas mascará-la de “produto físico” é, no mínimo, desonesto. Pior ainda, arrisca apagar uma geração inteira de jogos do futuro, caso os dados não sejam devidamente arquivados ou preservados.
Jogos do Switch 2 já confirmados como Game Key Card:
- Raidou: Remasterizado
- Yakuza 0 – Versão do Diretor
- Puyo Puyo Tetris 2S
- Sonic X Shadow Generations
- Bravely Default Flying Fairy HD Remaster
- Street Fighter 6 – Edição Fighters Anos 1-2
- Hitman: World of Assassination
- Daemon X Machina: Titanic Scion (somente no Japão)
Jogos confirmados como físicos completos:
- Cyberpunk 2077
- Rune Factory: Guardiões de Azuma
- Daemon X Machina: Titanic Scion (somente nos EUA)
- História do Grande Bazar das Estações
- Donkey Kong Banana
- Kirby e a Terra Esquecida
- Zelda: Breath of the Wild
- Zelda: Tears of the Kingdom
- Super Mario Party Jamboree
- Mario Kart World
O lançamento do Switch 2, marcado para 5 de junho, promete trazer muita inovação técnica, mas também nos obriga a refletir: que tipo de futuro estamos comprando? Uma mídia física que não preserva o jogo é apenas uma ilusão de propriedade — e, para os fãs mais antigos, isso dói mais do que qualquer atraso ou aumento de preço.