Hugo Calderano conquista prata histórica no Mundial de Tênis de Mesa e marca seu nome entre os maiores do esporte

O tênis de mesa brasileiro alcançou um feito inédito neste domingo, com Hugo Calderano conquistando a medalha de prata no Campeonato Mundial, disputado em Doha, no Catar. Aos 28 anos, Calderano se tornou o primeiro atleta de fora da Ásia ou da Europa a disputar uma final de Mundial de tênis de mesa, quebrando paradigmas e entrando para a história do esporte nacional e internacional.
Na decisão, o brasileiro enfrentou o chinês Wang Chuqin, número 2 do mundo, e acabou superado por 4 sets a 1, com parciais de 12/10, 11/3, 4/11, 11/2 e 11/7. Com a vitória, Wang manteve a hegemonia da China no torneio, que já dura impressionantes 22 anos. A potência asiática segue dominando a modalidade, tanto em nível mundial quanto olímpico.
Apesar da derrota, a medalha de prata de Hugo Calderano é um marco inédito para o Brasil e reforça sua posição entre os maiores mesa-tenistas da atualidade. O número 3 do ranking mundial vem colecionando resultados expressivos na carreira e, em abril deste ano, já havia protagonizado outro feito histórico: conquistou o título da Copa do Mundo, também realizada em Doha, se tornando o primeiro atleta fora dos tradicionais polos asiáticos e europeus a levantar o troféu. Na ocasião, Hugo superou o então número 1 do mundo, o chinês Lin Shidong, na final, e derrotou Wang Chuqin na semifinal.
Na revanche pelo Mundial, no entanto, Calderano não conseguiu repetir o desempenho. Wang Chuqin ampliou sua vantagem no confronto direto entre os dois: agora são cinco vitórias do chinês em sete partidas disputadas. A conquista do Mundial recoloca Wang no topo do cenário internacional, consolidando sua reputação como o principal nome da modalidade, um status reconhecido até mesmo por Calderano.

A trajetória até a final histórica
O caminho de Hugo Calderano até a prata em Doha foi brilhante. Logo na estreia, venceu o mexicano Rogélio Castro por 4 a 1. Na sequência, passou com tranquilidade pelo tunisiano Wassim Essid, aplicando um 4 a 0. Na terceira rodada, enfrentou resistência do cazaque Kirill Gerassimenko, mas virou o jogo após perder os dois primeiros sets, triunfando por 4 a 2.
Nas oitavas de final, Calderano não deu chances ao nigeriano Quadri Aruna, vencendo por 4 a 0. Nas quartas, superou o sul-coreano An Jae-Hyun por 4 a 1, mostrando consistência e foco. A semifinal foi um dos momentos mais emocionantes da campanha: enfrentando o chinês Liang Jingkun, responsável por eliminá-lo nas quartas de final do Mundial de 2021, Hugo conseguiu uma vitória épica em sete sets apertados (15/13, 11/7, 8/11, 11/8, 3/11, 7/11 e 11/9). O triunfo não apenas garantiu a inédita final, mas também representou uma revanche pessoal para o brasileiro.
A medalha de prata de Calderano no Mundial de Doha é ainda mais significativa quando se considera o contexto histórico da competição. O Campeonato Mundial de Tênis de Mesa é disputado desde 1926 e é considerado o segundo torneio mais importante da modalidade, atrás apenas dos Jogos Olímpicos. O evento reúne 128 atletas nas chaves individuais masculina e feminina, além de competições de duplas masculinas, femininas e mistas.
Antes deste resultado, o melhor desempenho de Hugo em Mundiais havia sido as quartas de final em 2021, justamente contra Liang Jingkun. Agora, dois degraus a mais foram superados, consolidando-o como uma referência mundial no esporte.
A final: um duelo de gigantes
O jogo decisivo foi marcado por alternâncias de domínio. No primeiro set, Calderano chegou a ter três set points (10/7), mas Wang Chuqin virou a parcial com cinco pontos consecutivos, fechando em 12/10. O segundo set foi amplamente dominado pelo chinês, que anotou uma sequência de dez pontos seguidos e venceu por 11/3.
Calderano reagiu no terceiro set, mostrando garra e foco. Com duas séries de cinco pontos consecutivos, o brasileiro reduziu a diferença, vencendo a parcial por 11/4. No entanto, Wang rapidamente retomou o controle da partida, atropelando no quarto set por 11/2. No quinto e decisivo set, Calderano até tentou resistir, pediu tempo técnico ao ver o rival abrir 6/3, mas não conseguiu frear o ímpeto do chinês, que fechou o jogo em 11/7.
Com o resultado, Wang Chuqin confirma sua supremacia, coroada também com duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris — por equipes e nas duplas mistas —, apesar de ter sido surpreendentemente eliminado na segunda rodada da disputa individual, justamente pelo sueco Truls Moregardh, vice-campeão olímpico e algoz de Calderano na França.
Um legado em construção
Hugo Calderano segue escrevendo uma trajetória inspiradora para o esporte brasileiro. Sua medalha de prata no Mundial e o título da Copa do Mundo em 2025 são demonstrações claras de que o tênis de mesa nacional atingiu um novo patamar, graças à dedicação e ao talento de um atleta que, dia após dia, quebra barreiras e desafia as potências tradicionais da modalidade.
Com a prata histórica, Calderano não apenas consolida seu nome entre os grandes do tênis de mesa mundial, mas também inspira uma nova geração de atletas brasileiros a sonhar mais alto e acreditar que é possível chegar ao topo do esporte.