Crise entre Trump e Elon Musk se intensifica com troca pública de ofensas e ameaças

A relação entre Donald Trump e Elon Musk, que por anos se manteve em um equilíbrio delicado, implodiu de vez nesta quinta-feira (5), após ambos protagonizarem uma intensa troca de acusações nas redes sociais. O que até pouco tempo atrás parecia ser uma aliança estratégica entre o ex-presidente e o bilionário, rapidamente se transformou em um espetáculo público de insultos e ameaças de retaliação, surpreendendo até os analistas mais atentos da política norte-americana.
O estopim dessa crise foi a recente manifestação de Musk contra o polêmico projeto de lei orçamentária que tramita no Congresso dos Estados Unidos. Durante um evento na Casa Branca, Trump expressou abertamente sua frustração com o dono da Tesla e da SpaceX, afirmando estar “decepcionado” com as críticas feitas por Musk à proposta orçamentária. O ex-presidente declarou, ainda, que o bilionário já tinha pleno conhecimento do envio do projeto ao Congresso e insinuou que a relação entre os dois dificilmente voltaria a ser como antes.
A resposta de Musk veio de forma rápida e contundente, por meio da rede social X (antigo Twitter), plataforma da qual é proprietário. O empresário negou ter sido previamente informado sobre os detalhes do projeto de lei e, numa declaração que surpreendeu muitos, afirmou: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”. A provocação não passou despercebida.
Em seguida, Trump utilizou sua própria rede social, a Truth Social, para ameaçar Musk de forma direta: sugeriu que poderia encerrar os subsídios e contratos governamentais mantidos com empresas lideradas pelo bilionário, como a Tesla e a SpaceX. Vale lembrar que ambas as companhias mantêm parcerias importantes com o governo federal, sobretudo no campo da exploração espacial e no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.
Musk, por sua vez, não recuou e devolveu o golpe: fez questão de associar Trump ao escândalo sexual envolvendo Jeffrey Epstein, sugerindo que o ex-presidente poderia ter mais a explicar sobre seus antigos vínculos do que aparenta. A insinuação incendiou ainda mais a disputa, levando o embate a níveis que, até poucos dias atrás, seriam considerados impensáveis.
Esse confronto aberto marcou o fim de uma relação que, embora marcada por momentos de tensão, sempre manteve aparências de cordialidade. Até recentemente, mesmo diante de divergências políticas e econômicas, os dois trocavam elogios públicos e mantinham um relacionamento que muitos consideravam mutuamente benéfico.
Poucos dias antes da explosão desse conflito, Trump havia elogiado Musk durante uma entrevista realizada na Casa Branca, destacando o que chamou de “esforços heroicos” do bilionário para reduzir os gastos federais. Musk, que à época ocupava o comando do Departamento de Eficiência Governamental (conhecido pela sigla DOGE), havia implementado uma série de cortes em diversas agências governamentais, buscando cumprir a promessa de tornar a máquina pública mais enxuta e eficiente.
Embora tenha conseguido efetuar algumas economias, Musk acabou frustrando expectativas iniciais de que sua gestão resultaria em cortes drásticos nos gastos públicos. Mesmo assim, Trump chegou a declarar que o empresário havia liderado “o programa de reforma administrativa mais ambicioso e significativo das últimas gerações”. Em tom descontraído, o então presidente chegou a posar usando um boné preto com o logotipo do DOGE e uma camiseta estampada com os dizeres “The Dogefather”, em referência ao clássico do cinema “O Poderoso Chefão”.
A ruptura, no entanto, vinha sendo prenunciada nos bastidores. Fontes próximas a ambos relatam que as tensões começaram a se intensificar nas últimas semanas, principalmente devido à oposição de Musk à política tarifária implementada por Trump. O bilionário criticou abertamente as medidas protecionistas, afirmando que elas prejudicavam a competitividade das empresas norte-americanas no mercado global. Apesar disso, nas aparições públicas, ambos mantinham a fachada de aliados, trocando elogios protocolares e evitando confrontos diretos.
O cenário mudou radicalmente após a recente controvérsia envolvendo o projeto de lei orçamentária, que Musk considera excessivamente oneroso para as empresas de tecnologia e inovação. A rápida escalada do conflito sugere que o rompimento entre os dois dificilmente terá volta, pelo menos no curto prazo.
Analistas políticos avaliam que essa disputa pode ter efeitos significativos no cenário eleitoral dos Estados Unidos, já que Musk, com sua enorme influência nas redes sociais e no setor empresarial, sempre foi visto como um importante aliado — ou inimigo — em campanhas políticas. Além disso, a ameaça de Trump de cortar contratos e subsídios pode ter repercussões práticas importantes, afetando diretamente setores estratégicos, como o programa espacial norte-americano.
Enquanto isso, o público assiste, em tempo real, a mais um episódio de tensão entre poder político e poder corporativo, protagonizado por duas das figuras mais influentes — e polêmicas — da atualidade. Resta saber quem, de fato, sairá vitorioso dessa batalha de titãs.